TONI'IN LOVE

09 de Fevereiro / 2021

APRENDI A VIAJAR SEM SAIR DE CASA

A Thais é daquelas pessoas que, assim como a gente, ama viajar. Caxiense, atualmente ela reside em Madrid e vem à Caxias nas férias pra visitar a família e os amigos. A pandemia mudou a rotina de viagens dela, assim como mudou a de todos nós, e a Thais também teve que se adaptar e não vê a hora de poder bater perna livremente como sempre fez. 
O relato dela é uma daquelas histórias que vale a pena ler. 
Confiram abaixo e viajem junto com a gente e com a Thais!
 

Sou uma viajante entusiasta. Desvendar novos lugares, conhecer diferentes culturas e descobrir as peculiaridades de cada destino sempre me fascinaram. Talvez por meu caráter aberto e aventureiro. Minha vontade de sair por aí, com uma mochila nas costas, dando lugar ao inesperado, já me levou a mais de 20 países da Europa, a fazer valiosas amizades, a casar com um espanhol, a firmar bandeira na Espanha (minha casa há dois anos) e a colecionar experiências inesquecíveis.

Família completa em Madrid


Cádiz, Espanha


Londres


Serra de Madrid

Mas a confirmação de uma pandemia, que paralisou e transformou completamente nossa forma de viver, freou meu ímpeto por novas descobertas. Viajar agora é enfrentar uma série de burocracias e cuidados que exigem planejamento prévio e muita paciência. E correr riscos, sem necessidade, não faz parte dos meus planos. Por isso, privada de liberdade, substituí as viagens longas por pequenos passeios pela cidade. Redescobri Madri com olhos mais atentos. 

Também visitei muitos lugares, virtualmente (não se pode perder o prazer de viajar). Do sofá da minha casa fui transportada para cenários desconhecidos através de livros, blogs, vídeos. Outras vezes, para atrações culturais que um dia ainda quero nelas pôr o meu pé. Foi preciso dar passagem livre para o turbilhão de emoções que a pandemia ocasionou. Afinal, minha válvula de escape da rotina foi fechada, abruptamente, sem aviso prévio. 

Dois meses de lockdown e privada de liberdade, meu coração explodiu. Eu precisava ver meus familiares e amigos e compartir essa sensação com os meus. Viajar pelas memórias, lembrar de momentos felizes, rever fotos, trocar afetos por olhares e palavras. A vida passa muito rápido, as pessoas se vão e nada se sabe sobre o dia de amanhã. Foi quando tomei a decisão de viajar ao Brasil.

Apesar da mescla de medo, angústia e vontade, a saudade me levou para casa, Caxias do Sul, minha terra natal. Foram 40 dias (dez 2020 a jan 2021) bem vividos. Não revi todos os amigos que gostaria, não realizei os passeios que planejei, não fui aos lugares preferidos, mas rever minha família compensou cada minuto de espera. Nunca senti tanto prazer em estar lado a lado com os meus. Com um boçal na boca e sem abraços e beijos (infelizmente!) por medo da contaminação do novo vírus,  mas com uma vontade tremenda e tempo de sobra para desfrutar de cada conversa, de cada comida, de cada lembrança.

Thais e os filhos em Caxias do Sul

Antes da pandemia, as férias no Brasil passavam super rápido; eram mil passeios, praia, encontros com amigos, saídas noturnas, contatos profissionais, compromissos, consultas médicas, etc, etc, etc. Agora, os dias livres permitiram caminhadas lentas pelo sítio do meu pai, refeições sem pressa, diálogos longos sobre a vida, reflexões profundas sobre sentimentos e mudança completa de rotinas e prioridades.

Com o pai no Parque dos Macaquinhos, em Caxias

Ainda tenho muita vontade de viajar, mas vou segurar o ímpeto para poder sacudir minhas tranças livremente quando o momento permitir. Afinal, a pandemia nos impõs resiliência e paciência. Agora o jeito é desfrutar da vida, desde a sala da minha casa, sozinha ou acompanhada. Como dizem os espanhóis aqui em Madri, “é o que nos toca”.

Em um futuro próximo, espero, estarei refazendo minha mochila, anotando os lugares que visitei, organizando fotos, escrevendo aos amigos e curtindo a liberdade. Hasta la vista!