POR AÍ
04 de Junho / 2018
NA ESPANHA PELA PRIMEIRA VEZ
Por Patrícia Zuco
Fundadora e Editora
da Plataforma Digital Zucca Gastrô
Patrícia Zuco
Não gosto de viajar grandes distâncias e pipocar de cidade em cidade. Prefiro curtir vários dias em cada um dos destinos, para poder entender os costumes, me sentir um pouco local, andar sem compromisso de “turista”.
Foi um grande desafio, portanto, aceitar a ideia do meu marido de conhecer, na mesma oportunidade, o norte e o sul da Espanha, em apenas 15 dias. O País Basco e a Andaluzia, passando pela região vinícola de Rioja e terminando em Madri para conhecer e curtir a capital.
Confesso que, ao final de tudo, gostei muito. Por óbvio, teria me estendido, um ou dois dias a mais em cada cidade, mas a gente também gosta de voltar para casa.
Eu tenho boas dicas dos lugares que passei, baseada nas minhas experiências. Mas, antes de mais nada, preciso falar da minha impressão geral do país da paella e das castanholas.
A Espanha é uma festa!
O povo é incrível. Não esperava! São simpáticos, receptivos e sinceramente amigáveis.
Eles, de fato, curtem a vida, a noite, a comida, a bebida... ou seja, são meus amigos de infância!
Os mercados de comida, que reúnem fornecedores e restaurantes, são um caso à parte. Se compreende facilmente o porquê de tanta comida boa em qualquer bar que se resume em uma porta, com balcão, mesinhas e nada de bancos. O produto é bom demais. A interferência do cozinheiro pode ser mínima.
Amei! Voltaria mil vezes! E agora conto os highlights do meu roteiro, para você se inspirar.
Chegamos em Madrid, alugamos um carro e formos diretamente a Bilbao, país Basco. No caminho, chuva e até neve. Não sabia que havia trechos de montanha com esta possibilidade, foi uma surpresa e uma aventura. As estradas são maravilhosas, monitoradas e bem estruturadas.
Chovia muito e, nova descoberta, sempre chove muito. Estão tão acostumados que por todo lado há guarda-chuvas e o povo anda como se nada estivesse acontecendo.
Como o melhor de Bilbao, destaco o museu Guggenheim e as lindas obras externas de Jeff Koons.
A comida basca é uma delícia e indico o Restaurante Bilbao Berria onde provamos algumas das especialidade do país.
Os espanhóis gostam de “tapear” ou “ir de tapas” que é uma espécie de happy hour com comidinhas. As pessoas vão passando entre um bar e outro e comendo os “petiscos” e bebendo cervejas, copos de vinho ou drinks. No país basco, não são tapas... São Pintxos!
Só há Pintxos no norte da Espanha. Nas demais regiões há tapas, raciones (porções um pouco maiores...) Mas não se preocupe, é rápido e fácil de aprender.
De Bilbao, por indicação de um amigo que morou na Espanha, fomos a San Sebastián ou, como lá chamam no idioma local – Donostia que, com certeza, é a parte mais divertida do país Basco. A cidade é linda, rica gastronomicamente. Eu brinquei que era a nossa Punta Del Este... A vibe é a mesma.... Só que na Europa.
Lá o melhor é a noite, os bares de pintchos, os restaurantes e passeios a pé, durante o dia, para conhecer a cidade.
Destaco o Restaurante Bodegon Alejandro. É indicado no guia Michelin, embora sem estrelas, super bem localizado , sendo uma das dezenas de portas da rua onde estão os melhores bares, tabernas e restaurantes da cidade – San Telmo. E se apresenta como típica cozinha “donostiarra”. A experiência é válida desde a escadaria que desce ao salão até ao mel em favo que pode ser servido ao final. Recomendadíssimo.
No País Basco eles realmente tem outro idioma e, de fato, se consideram outro país, mas de um modo bem tranquilo. Locais, ruas e avenidas mantém os nomes em espanhol e em basco.
Seguindo viagem, descemos de carro de San Sebastián e fomos para a Região de Rioja, para curtir os vinhos, que tanto amamos. Visitamos a Cidade do Vinho, da Vinícola de Marques de Riscal. Escolhemos esta por duas razões, é uma das maiores e mais famosas e, também, porque o hotel que está instalado dentro de sua estrutura também tem a arquitetura de Frank Gehry, o mesmo arquiteto do museu Guggenheim de Bilbao.
A história interessante é que o prédio abrigaria o centro administrativo da vinícola, mas quando pronto, decidiram instalar o hotel e o SPA Caudali, cujos tratamentos são baseados no vinho e seus componentes.
Vale super a pena e recomendo que Rioja, para quem ama vinhos, seja destino certo.
Chegamos a Sevilla, o coração pulsante da Andaluzia, em plena abertura da “Feria de Abril”. Foi sem querer, pura sorte. A maior festa andaluz. Milhares de pessoas visitam a cidade. As mulheres se vestem com trajes típicos, de “gitanas”, e ocorrem festas todos os dias na Feira.
É um lugar gigante, lotado de “barracas” de estabelecimentos, empresas, hotéis, restaurantes, e famílias, que ali instalam suas unidade. Estas “festas” enogastronomicas são privadas e só se entra com convites ou nome na lista. Se você é um “ninguém”, como eu era naquele momento, pode frequentar as barracas públicas, onde os valores de comida e bebida são irrisórios: qualquer prato por 1,00 Euro.
Os homens vestem-se de terno e gravata, as mulheres e meninas – de qualquer idade – de gitanas – com vestidos finíssimos, pentes e flores.... Maquiagens e perfumes. E, os mais tradicionais vão em charretes enfeitadíssimas e cavalos finamente tratados e embelezados.
No meio da festa há apresentações de dança flamenca entre outros. Eles amam!
É contagiante!
Passei e voltei para a cidade, na área histórica, que é linda!
Em Sevilla provei um restaurante de comida típica Andaluzana, o Casa Manolo León. Lindo, comida incrível, serviço perfeito e, por ocasião da Feira, tinha apresentações de cantores e bailarinas flamencas. Recomendo.
Mas Sevilla é dotada de inúmeros restaurantes de tapas e outros, tanto os mais modernos quanto os mais tradicionais, todos são ótimos. E a cidade é linda para ser visitar a pé também. O rio e suas pontes criam imagens inesquecíveis.
Chegamos em Madri, de trem. Aliás, trajeto de Madrid – Sevilla – Madrid fizemos de trem - RENFE. Foi fantástico.
A Estação Atocha é linda em Madri e fiquei fascinada com sua reprodução perfeita, com a vegetação interna no filme de animação “Ferdinand”, aquele do touro que não quer brigar.
Se nunca viajou de trem, tem que experimentar. Se já, vai entender porque achei tão bonitinho, se assistir o filme.
Dica, para os viajantes de primeira: a gente tem que carregar a própria bagagem para dentro dos trens... logo, se você não conta com uma companhia gentil e forte, pense duas vezes em quantos pares de sapato vai enfiar na sua mala e no tamanho dela. Falo sério!
Já em Madri, me senti em casa, de fato. Eu precisaria de muitos dias para viver tudo, do jeito que gosto, mas aproveitei tudo.
Madri tem seus pontos turísticos, todos lindos e imperdíveis. Mas detesto fila e multidão. Elegi alguns, conforme meus interesses e alguns restaurantes, que destaco abaixo.
Fui a dois lugares gastronomicamente legais para quem viaja, mas já aviso que é programa de turista. Um é o Mercado San Miguel. Que na verdade de mercado mesmo quase mais nada tem. Mas tem muita banca de comida pronta e todas maravilhosas. Muita oferta e muita gente se estapeando para comprar e para sentar. Mas vale a pena.
O segundo, é o restaurante mais antigo do mundo. Sim é de fato. Foi dica de um amigo que viaja o mundo. É maravilhoso. O “Sobrino Del Botin”. Qualquer um lá conhece. Ele está no Guinness Book como o restaurante mais antigo do mundo em atividade. A comida é muito boa. O mais interessante é que fazem, no modo “antigo” o leitãozinho assado (o de Segóvia). Se você tem pena, recomendo não assistir ao vídeo que publiquei no meu Instagram. Mas é delicioso. Não é diferente daqueles leitões nas mesas de buffet, só que é pequeno. Pedi, é claro, que não aguento não provar o que é famoso. Mas eles fizeram o favor de servir fora da mesa. É meio leitãozinho para duas pessoas. Pode pedir outro prato, mas não deixe de ir, nem que seja pela arquitetura e pela energia do lugar.
Não saí da capital sem provar os Churros (“porras”) com calda de chocolate da cidade, segundo um amigo meu que entende do riscado. Valeu a pena, cada caloria. Não deixe de ir na Chocolatería San Ginés.
Contudo, Madri tem restaurantes e bares contemporâneos e maravilhosos, fui a vários. O mais animado era em baixo do meu hotel. O Ramsés.
Concluo dizendo que Madri é uma cidade que merece outra viagem. Aquela viagem que eu gosto de fazer. Uma semana só para ela, acordar, andar, curtir, voltar dormir. Sete dias bem curtidos aleatoriamente, com noites longas e descansos após o almoço.
Vida que pedi a Deus! Sabe?!
Recomendo, demais!
Boa viagem!
Palacio de Cristal Madrid
Idioma Basco
Igreja San Sebastian
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